A poesia é minha amiga, embora seja uma amiga muito ingrata, é muito importante em minha vida. Digo ingrata pelo simples motivo de eu dar atenção para ela, mas quando dela preciso, esvai-se como areia dentre meus dedos, não restando sequer alguns versos brancos ou pelo menos algumas rimas pobres, muitas vezes sem sentido… Mas… sentido para quem? O poeta muitas vezes não se faz entendido ou se faz de desentendido, mas por que? A resposta é muito simples, o sentimento é pessoal e intransferível! No máximo se reproduz ou se imita o sentimento de outra pessoa, mas é impossível vive-lo da mesma forma e muito menos na mesma intensidade. Há quem exagera, e como já disse Fernando Pessoa: “O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente. / Que chega a fingir que é dor. / A dor que deveras sente”.
O principal recurso aliado do poeta (além da rima) é a liberdade, a liberdade poética. Seria como poder abrir uma brecha dentro do nosso idioma, para semear algo que só brota com poesia. Pode ser uma palavra nunca vista, pode ser uma não escrita corretamente, mas uma coisa sempre é certa, quem ama poesia, disto não se importa, mesmo se a estrada seja a certa ou mesmo sendo ela torta.
Posso dizer dos meus escritos o seguinte. Eles são partes de mim e eu deles, haverá quem os chame de lixo, mas para estes direi: ao menos os peguem para reciclagem…
André Rocha (algum dia de 2005)

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