Enquanto esperava o início de mais uma reunião, a qual o tema tinha a ver com cultura, mas pouco se explicou para quê e para quem ela serviria… olhei pela janela da sala onde eu estava e vi uma cena que, infelizmente, a cada dia vem se tornando mais frequente: a indiferença das autoridades com relação aos problemas sociais. Tratava-se de um menino de rua perambulando sob a penumbra de um lugar entre o Centro Cultural de Ceilândia e a estação do metrô. Ele vinha por um caminho e dele se desviou quando viu dois policiais (profissão facilmente identificável pelas fardas). Os dois policiais viram o garoto, certamente viram, pois à aquela distância só se fossem cegos para não ver e ainda por cima na direção para qual olhavam só se tinha como destaque o franzino garoto. Não é difícil saber o que pensam as pessoas ao evitar qualquer abordagem desta natureza. O garoto evita dar explicações sobre o que faz, mesmo isso não significando qualquer coisa para um estranho. E os policiais evitam ter o trabalho de abordar o garoto e se perceber qualquer situação “ilegal”, por obrigação ao Estado Maior, ter de trabalhar em mais uma ocorrência. Ficou assim: “eu finjo que não vi os senhores e os senhores finjam proteger a cidade”.
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