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Se eu não vejo o que é mal
O mal não chega a me atingir.
Mas então valerá também fingir
E se safar de toda dor afinal?
Martelo no prego, martelo no prego
De quem é a cabeça martelada?
Aquele que sofre por promessa fiada
Ou o grande defensor do próprio ego?
Céu nublado em dia cinzento
Desnorteia o perdido em tormento
Procurando uma migalha para comer.
Chão molhado e terreno barrento
Pisoteia o abandonado lazarento
Procurando um sorriso que valha viver.
André Rocha