André Rocha
Inverno 2017
O senhor da guerra não sabe o que é luta.
Não sabe o que é luto, nem sabe perder.
O senhor da guerra em sua piedade fajuta
Só diz intervir apenas para o mal conter.
Os sacos pretos anônimos nunca se viu
Pois o senhor da guerra é muito ocupado.
O senhor da guerra e seu interesse vil
Olha no espelho e nunca acha o culpado.
O senhor… não sabe o que é cova rasa,
Tampouco imagina tantas filas de cruzes.
Muitas as perdas e sem volta para casa,
Minutos de silêncio, apagam-se as luzes
Sentimento de perda aqui, ali, no mundo
Ódio induz ao ódio, falta até a esperança.
Todos já sabem, com um medo profundo:
“O senhor da guerra não gosta de criança.”
Efervescente, turbilhão de ideias
O papel não suporta o excesso.
Em uma triste ópera sem plateia
Escrevemos roteiros sem sucesso.
Parca vontade de lutar, divergir
Ir de encontro ao martelo batido.
Leiloam nossas vidas sem fingir
Sem remorso pelo povo abatido.
E os planos sinceros. Mas eram?
O acalanto para os que esperam
Algo além desta forte explosão?
E as propostas de emenda à lei
Corrobora todo mal que escutei
Ou poderia trazer futuro à nação?
André Rocha
Primavera 16
Se meu canto, não encanta
Minha voz está cheia de ‘nós’.
E de tanto, arranha garganta
Fico a sós com uma dor atroz.
André Rocha
Primavera 16