A poesia transcende o imaginário.
Qualquer um pode escrever uma poesia.
Não é relevante qualquer comentário,
Mesmo não trazendo ao leitor a alegria.

Talvez não levando ao seu viver diário,
O que de melhor que possa fazer o dia.
Assim, o informático escreverá em binário,
O sociólogo se lembrará da “Mais valia”,

O alegre irá praticar o seu anedotário,
O nervoso escreverá, mesmo à revelia,
O historiador lembrará dos 18 de Brumário,
O familiar lembrará da sua estimada tia,

O esportista do milésimo gol do Romário,
O regional questionará se é Rio ou Bahia,
O economista, se sobrou mês ou salário,
O matemático e a inaplicável e analítica Geometria,

O político argumentará seu aumento de salário,
O sambista mais uma letra para sua alegoria,
O religioso pregará a sua versão do calvário,
O médico verá se é depressão ou apatia,

O mais descolado citará o mané e o otário,
A mãe de santo lembrará da melhor simpatia,
O químico lembrará da pipeta e do refratário,
O astrônomo anunciará a beleza da Láctea Via,

O astrólogo uma conjunção no sistema planetário,
O músico sobre uma nova nota em sua sinfonia,
O patrão arranjará uma justa causa ao funcionário,
A lavadeira sobre a roupa suja em sua bacia,

O honesto e seu viver Panis Et circenses solitário,
O educador dirá que melhor era CBA e não BIA,
Tudo se encaixará ao se usar todo abecedário,
Algo que encerrando neste ponto não terminaria…

André Rocha
2008

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