O dia daquele que adora o fogo e à mãe terra,
Do chão e da caça o seu sustento e nada mais.
Dizimado em seu próprio solo: tal como guerra,
Em um combate covarde a quem só quer paz.
O dia daquele que, em seu canto, canta a vida,
E mantém rituais transferidos a cada geração.
Ofendido em seu próprio solo: crença escolhida,
E catequizado como quem não tivesse opção.
O dia daquele que sucumbe à pólvora do poder,
E infinitas vidas se foram e irão sem justiça.
E ficarão desde curumins a pajés sem entender,
O não poder co-existir qualquer raça mestiça.
O dia daquele que ao “branco” ainda resiste,
Invasão cultural, invasão territorial, invasão…
Dia daquele ser, irmão terra. Que ainda existe
Respeitar antes da eminente e triste extinção.
André Rocha
19-abril-13
Em algumas oportunidades da vida conseguimos sair de nossas rotinas, seja trabalho, estudo, ou até o “fazer nada” doméstico para respirar outros ares, coisa típica chamada de viagem. Oportunamente ao estar acomodado em um local sito a onze andares do chão é possível ver o “movimento” de uma maneira diferente do habitual, ou seja, a da vista ao nível do solo. Neste momento, após as vinte e uma da noite, todos aqueles reféns de seus afazeres buscam algo para fazer com as horas restantes do dia ou quem sabe, enquanto “começa” à noite, alguns nem se importam com o fato de ainda estarem uniformizados ou engravatados. Misturam-se a estas pessoas outras pessoas da vida boêmia, neste episódio, se confundem cores, odores e gêneros, facilmente confunde-se “ele” se passando por “ela” e vice-versa. Não existem dedos denunciadores, pois existe um espaço para cada um e na congruência destes, um local para todos e todas. Impedido pela altura do décimo primeiro andar, resta apenas imaginar a mistura de odores peculiares às personagens deste “ponto de fuga” a partir dos perfumes baratos das senhoritas produzidas, passando pelo suor de quem trabalhou o dia todo e só quer um momento de descontração juntando com o cheiro típico das frituras de boteco. O som só seria perfeitamente discernível se não existissem outros tantos ambientes similares nas imediações e cada um não insistisse em um ritmo ou tema musical diferente. Enfim, à distância pode parecer confuso, mas certamente quem está lá se prepara como pode para o novo dia que há de vir.
André Rocha
Verão 2013
Tags: Boemia, Observação, Viagem
Hoje, outro dia de tantos outros dias,
De tão relevante, não um dia qualquer.
Dedicado para propiciar todas as alegrias
O tão necessário ser, chamado mulher.
No passado, este dia chamou a atenção,
Mas não tão feliz foi o que aconteceu.
Mulheres operárias iniciaram a revolução
A partir disso, deste dia não se esqueceu.
Más condições de trabalho existem ainda
Assim como o preconceito se faz presente.
A mulher e o lutar diário que nunca finda
Ainda não a impede de seguir em frente.
Neste dia, amanhã, em qualquer outro dia,
Desejo o reconhecimento de todo seu poder.
Desejo tão belo ramalhete, uma bela poesia…
Assim, tudo de bom, será o mínimo a oferecer.
André Rocha
08/03/2013
Tags: dedicatória, Flores, Homenagem, Mulher
De várias retas e curvas se faz o escrito do poeta,
O qual para alguns se manifesta num dom seleto.
O que ao final então comentar da infinita e repleta,
Obra que consagrou Oscar um grande arquiteto?
Um lamento da ausência humana um tempo durará…
E depois, depois, os corações saudosos se acalmarão.
Restará, firme como o concreto que conseguiu suavizar,
Toda lembrança e herança da sua inconfundível criação.
Assim, com palavras, faço minha homenagem singela
Ao mestre Niemeyer e à criação de sua ilustre “filha”.
Quiçá a mais lembrada das obras e acho mais bela
A sua contribuição para criar a minha amada Brasília.
André Rocha
05/12/2012